segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Entrevista-Postmortem


Pelotas. A conhecida Dark City, seu Porto sombrio, largas ruas retilíneas, úmidas. Musgo. Vento que assovia nos vazios das enormes taperas. Belo desbotado que se aguça em dias cinzentos, chuvosos. Por lá habita um povo historicamente muito culto, é berço de muitos artistas, de várias vertentes. Uma personificação da palavra “underground”, diria eu, encontra-se nela. Nesse cenário, com garra, retidão e dedicação, originou-se, em 2004, a banda POSTMORTEM. Abaixo, confira mais sobre essa grande banda Pelotense, formada por Bruno Añaña, no vocal e na guitarra, Mou Machado, na guitarra, Douglas Veiga, na bateria, e Matheus Heres, no baixo.

Metal Face:POSTMORTEM é uma expressão bastante usada, é nome de um livro, de um jogo, de uma música e de uma fase muito explorada pela neurociência, o tempo decorrido após a morte de uma pessoa. Qual dessas utilizações chamou a atenção ao ponto de a escolherem como nome ?
Postmortem: foi por causa da música do Slayer mesmo, somos grandes fãs deles.
Além de ser uma palavra em latim, idioma que achamos que combina bem com Death Metal, e seu significado representa bem o estilo.
Douglas: além das temáticas que usamos, geralmente a morte, reincarnação e o oculto.

Metal Face:A banda teve algum outro nome antes? Por que a troca?
POSTMORTEM: teve outro nome, era Wargod, mas era provisório. No cartaz do primeiro show ainda estava como Wargod, mas já tínhamos decidido pela troca de nome, e durante o show anunciamos a mudança.

Metal Face:E quanto a integrantes, mudanças desde a formação? Se ouveram, tiveram alguma influência no desenvolvimento do que hoje vemos nos palcos?
POSTMORTEM: a primeira formação era o Willian Knuth nos vocais, Bruno Añaña na guitarra, seu irmão Daniel Anãña no baixo e Douglas Veiga na bateria. Logo depois do primeiro show Daniel decidiu sair da banda para se dedicar inteiramente à faculdade. Então, Matheus Heres assumiu o posto de baixista, além de a banda decidir por abandonar as influencias thrash metal e compor musicas baseadas no Death Metal. Após um tempo, Willian teve que mudar de cidade e isso impossibilitou a sua participação nos ensaios (pouco antes da Gravação da Demo), daí em diante, Bruno assumiu o posto de vocalista junto à guitarra, e sentimos a falta de mais peso na banda. Dessa forma, decidimos por convidar um amigo nosso, Mou Machado, para assumir a segunda guitarra.

Metal Face: Sobre influências musicais, que tal cada um citar pelo menos duas bandas ou artistas que serviram de base para si?
Matheus: Nile, Brujeria, Morbid Angel e Marduk
Mou: Morbid Angel e Deicide, foram as primeiras bandas de Death Metal que conheci, e que idolatro até hoje.
Bruno: Nile, Spawn of Possession, Deicide. Guitarra vai um pouco de Stevie Ray Vaughn até Karl Sanders.
Douglas: As principais são Morbid Angel, Slayer, Deicide e Nile, mas na bateria os meus grandes ídolos são Derek Roddy, Pete Sandoval, Dave Lombardo e Paul Bostaph.

Metal Face: Como vocês vêem o fato de fazer Death Metal no Brasil, especificamente no sul do Brasil, sabendo que dinheiro é algo que dificilmente se possa esperar a ponto de “viver da música”?
Douglas: eu gosto muito da cena aqui do RS, sempre teve ótimas bandas, e algumas já tiveram e tem grande reconhecimento, veja, por exemplo, o Krisiun, que até levou o nome do RS para o mundo, é como diz aquela velha frase, “grande celeiro de Bandas de Death Metal”, mas já ganhar dinheiro com Metal, isso é uma utopia – metal – farofa anos 80! (risos). Toco Death Metal porque gosto do estilo, de tocar e ver a galera vomitando o cérebro de tanto bater cabeça, e se matar nas rodas, do mesmo jeito que eu faço quando vou num show das bandas que eu gosto. Por isso que tocamos metal e não pra ganhar grana, se fosse por isso montávamos uma banda de forró! (risos)
Bruno: é, fazemos Death metal por puro amor à camisa mesmo. O fato da grana é complicado. Pois não somos ricos, longe disso, logo temos de rejeitar convites pra tocar em outras cidades puramente por falta de grana. Vontade de tocar mundo afora não falta! O negócio é seguir em frente!
Mou: realmente não dá pra se esperar um retorno financeiro garantido, o negócio é amor à camiseta mesmo!
Matheus: toco porque gosto, dinheiro é bom, mas aqui não tem como pensar nisto.

Metal Face: “OUT OF TOMB” é o nome da primeira Demo, gravada entre 2006 e 2007. Falem um pouco sobre a temática abordada por vocês e do que inspirou a composição não só das músicas, mas do material como um todo.
Douglas: no geral, nossas letras falam sobre a morte, neste Demo algumas letras usam o tema na forma fictícia, como “Decomposition In High Degree” e “Corpse Decapitation” (esta última escrita pelo nosso antigo vocalista Willian), Fictícia no sentido de conto de Terror, na “Doomcreeper” e “Possession of Spirit and Flesh” eu usei o tema de forma mais mitológica, claro se tu der uma lida rápida pode parecer só mais uma letra de death metal, mas eu acho que uma leitura mais reflexiva pode mostrar mais os simbolismos que usei. Já a parte visual e escolha do título eu trouxe as idéias pro restante da banda e começamos a divagar sobre elas.
Sobre o título “Out of Tomb” (fora da tumba), o adotamos por ser nosso primeiro registro em estúdio, seria como se falássemos: “Olha estamos aqui no underground lutando pelo o que acreditamos!”. (risos)
Mou: detalhe importantíssimo! A mão que aparece na capa é minha! (risos)

Metal Face: E a parte de planejamento, gravação, distribuição? Como vocês vêem esse processo? Teriam alguma sugestão para bandas que estão tentando realizar o registro e a divulgação do seu trabalho?
POSTMORTEM: gravamos no estúdio Electric, e estamos divulgando na internet e pessoalmente, pouco tempo atrás, conseguimos algumas distribuidoras fora do país, como a Maltkross na França, Symphonic Blast na Ásia, Gates of Horror 666 no Peru, Tour de Garde no Canadá e mais algumas outras ligadas à Maltkross. Aliás, gostaríamos de deixar nosso agradecimento ao Leonardo, da banda Decimator, que nos passou o contato com o Jeremy da Maltkross, da França.
Douglas: queríamos o máximo de qualidade possível com nosso orçamento, sem aquela cara de Demo e mais como um EP ou algo assim. E o processo de gravação foi bem divertido, porém demoramos bastante por falta de verba, então, fomos gravando cada sessão de instrumentos e quando a grana ficava curta, juntávamos mais, pessoalmente, com a venda de camisetas e adesivos e depois retomávamos de onde paramos. Já a divulgação é mais difícil, mas não menos divertida, é a mesma batalha para todas as bandas do underground. Mas por outro lado a Internet diminuiu muito as distâncias e isso ajuda muito.
Bruno: demorou bastante também devido à inexperiência nossa com gravação, mas, felizmente, gravamos com um amigo nosso, Protásio Júnior, dono do Estúdio Electric, que facilitou e muito no processo, não tornando a gravação um processo tenso.
Matheus: a meu modo de ver, foi bem tranqüilo, as gravações em si foram rápidas, o que demorou foi a gravação entre um instrumento e outro, eu esperava algo mais complicado em termos de gravar o cd mesmo, a mixagem e tal, mas não foi tão demorado o quanto eu imaginava.Valeu como experiência para a gravação do CD que espero que não demoremos muito a gravar.

Metal Face: Onde já realizaram shows? E como foi quanto à infra-estrutura e a recepção por parte do público?
Postmortem: fora de Pelotas, já tocamos em Santa Catarina, no Steel Festival, já tocamos em Rio Grande, Sapucaia do Sul e estamos com outros shows marcados para fora da cidade. Quanto à infra-estrutura, já tocamos em palquinhos 2x2 e já tocamos também em palco de teatro. Isso pouco importa, se a gurizada que for nos ver curtir, isso é o que vale! Infelizmente muitas vezes a sonorização em shows underground é precária. Afinal de contas, nossos recursos são escassos, e temos de optar pela sonorização mais em conta. O que resulta, muitas vezes, em uma qualidade sonora baixa nos shows.

Metal Face:Quais são as atividades hoje, e quais são os planos?
Mou: hoje, estamos compondo musicas novas, fazendo shows e trabalhando pesado na divulgação da nossa Demo. Esperamos, assim, aumentar nosso número de shows e fãs pelo estado e país, e, quem sabe, também fora. Pretendemos gravar material novo assim que possível, divulgar nosso som para o mundo, e tocar aonde pudermos! Death Metal Till Death!

Metal Face: Desde já agradeço a vocês pela colaboração com o nosso Zine e, para encerrar, peço que indiquem aí, para o pessoal, onde buscar mais sobre o POSTMORTEM.
Douglas: primeiramente, obrigado pelo apoio e espaço, sempre terão nosso apoio e respeito. Acessem www.myspace.com/postmortembrofficial, lá tem amostras das músicas da nossa Demo e nossa agenda.
Contato: banda_postmortem@bol.com.br ou douglaspostmortem@hotmail.com
Cartas para Rua Otávio Rocha, 64, CEP 96080-180 Areal, Pelotas/RS.




Entrevista por:Janice

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