quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Entrevista:Sky in Flames



Tendo um bar onde são realizados quase que
semanalmente shows do meio underground, acesso a
todos os tipos de bandas de todos os cantos do RG, e às
vezes de fora. Acontece muitas vezes de não conseguir
acompanhar os shows na íntegra, mas sempre pergunto,
aos presentes, pareceres acerca do que acompanharam.
Assim fiz após o festival Sounds From The Grave, em julho
de 2007. Estiveram no palco Decimator (Thrash/POA),
Ablaze (Death melódico/ Pel), Postmortem (Death/Pel) e
Sky In Flames (Black Death/ Esteio), merecedoras de
honrarias por terem realizado apresentações dignas de
bons comentários, os quais, acrescento, foram-me feitos
por pessoas de alta criticidade. Então, entre elas, para
abrir minha participação neste fanzine, escolhi Sky In
Flames. Guerreiros de Esteio, estes que já enfrentaram
problemas na aduana e, devido a isso, atraso e falta de
equipamento, o que não os impediu de realizar show no
Uruguai, divulgando sua demo Blinded by Hate; bem como
viajaram horas e horas para São Paulo, com o propósito de
divulgar sua demo "Carnal Putrefaction”. Eis mais um
pouco sobre a banda, através das palavras do vocalista,
Marcelo Maciel.



Metal Face - Em primeiro lugar, obrigada por
atender ao convite feito para expor um pouco acerca do
trabalho da banda a este fanzine.
Marcelo Maciel: Eu é que agradeço, em nome do Sky
In Flames, pela oportunidade.



Metal Face - “Sky In flames”, ou “céu em chamas”,
um propenso paradoxo de significado e possíveis
interpretações bastante interessantes. Existiu um motivo
específico para a escolha de tal denominação?
Marcelo Maciel: O nome da banda está diretamente
ligado ao que abordam a maioria das letras, o anticristianismo,
mas nós procuramos expor isso de uma forma a qual possa ser
vista inclusive pelos olhos de um cristão, por exemplo. Sky in
Flames, denota uma visão apocalíptica, e como todo mundo
sabe, o apocalipse é a descrição do fim do mundo segundo a
própria bíblia dos cristãos.



Metal Face - Com relação a estilo, o que se pode
esperar? Há influências que transparecem nas produções?
Marcelo Maciel: Somos 5 integrantes, e cada um tem
as suas influências, algumas coincidem, outras não, mas de certa
forma elas sempre acabam aparecendo nas músicas, seja em
qualquer parte, vocais ou instrumentos. No entanto, definir o
nosso som baseado em influências eu diria que é bastante difícil,
porque pessoas que escutaram pela primeira vez já disseram
identificar influências de bandas muito distintas, desde Death até
Marduk...



Metal Face - O Sky In Flames já teve algumas
mudanças de integrantes, uma, inclusive, bem recente, em
que entrou o baixista, Gabriel Geitens. Há reflexos disso
no trabalho?
Marcelo Maciel: Sem dúvida, mudanças na formação
às vezes são necessárias e acabam refletindo no som da banda
sim, felizmente, até agora, todas as mudanças que a banda
passou a tornaram mais bem entrosada, e conseqüentemente,
nós evoluímos musicalmente, acredito que a entrada do Gabriel
tenha o mesmo resultado, porque analisamos vários pontos para
colocarmos ele na banda.



Metal Face - Com relação às composições, como se
dá o processo? Existe uma temática preferida?
Marcelo Maciel: Como eu havia dito, abordamos
principalmente o anticristianismo, isso é feito de muitas formas,
seja com metáforas ou com críticas diretas, mas ainda não há
uma obrigatoriedade de abordagem. Quanto à parte
instrumental, muitas vezes a música nasce nela, o Wagner ou o
André apresentam riffs que eles aprontaram, e nós conversamos
sobre qual o sentimento que esta música deve passar, em cima
disso eu faço as linhas vocais e letras, a mesma coisa com a
bateria, que o Jéferson constrói sempre pensando no sentimento
que a música deve estar passando naquela parte, para que a
bateria se encaixe bem com o resto da música, em todos os
pontos, todos os membros da banda dão sugestões, então o
processo de composição acaba saindo bem com a identidade que
todos nós buscamos pro nosso som.



Metal Face - Vocês já possuem duas demos, a
Blinded by Hate, que também conta com a faixa Shadows,
e a Carnal Putrefaction. Como foram as experiências de
gravação?
Marcelo Maciel: Bom, o caso da Blinded by Hate foi
algo gravado sob pressão até, porque muita gente escutava o
nosso som, mas nunca tinha nenhum material pra comprar,
então nós pegamos as músicas que achávamos que estavam
melhores na época e gravamos, foi algo meio corrido, e nós não
tínhamos grandes experiências com gravação, mas sempre nos
fizeram boas críticas a respeito do material. A Carnal
Putrefaction, que tem só essa música na demo, foi algo que
gravamos totalmente na correria, porque estávamos indo fazer
um show em São Paulo e não queríamos chegar lá com um
material que não correspondia mais com a formação atual da
banda. Nós melhoramos muito desde a Blinded by Hate e
queríamos poder mostrar isso para o público. A música foi
gravada em duas noites com a ajuda indispensável do Sebastian
Carsin, e mesmo com aquele sentimento de “poderia ter ficado
melhor” por causa da correria, o resultado final nos agradou
bastante e vem agradando pelos lugares aonde nós fazemos
shows. Assustou algumas pessoas por ser uma sonoridade
diferente da primeira demo, mas acredito que quando elas forem
regravadas juntas para o nosso debut, será bem mais fácil de
entender que embora diferentes, as músicas têm todas o mesmo
espírito.



Metal Face - Sabendo que o meio underground
dispõe de um número considerável de bandas e que a
grande maioria não teve as oportunidades que vocês,
como de tocar no Uruguai, durante a divulgação da demo
Blinded by Hate, fale um pouco sobre essa experiência.
Marcelo Maciel: O show que fizemos no Uruguai este
ano foi único, em todos os sentidos, tivemos vários problemas
que poderiam ter impossibilitado que nós fizéssemos o show,
mas no fim isso acabou nos servindo como incentivo para que
agente desse o sangue em cima do palco. Na fronteira com o
Uruguai, nossos instrumentos foram barrados, tivemos que
deixar tudo em um hotel, e chegamos lá de mãos abanando,
tocamos com instrumentos emprestados e com uma afinação
abaixo da que nós usamos. Certamente só a afinação já seria um
problema suficientemente grande para que o show fosse uma
merda e, além disso, nós ainda perdemos 4 horas na aduana,
tentando levar os instrumentos. No fim das contas, depois de 20
horas dentro de um ônibus, chegamos ao local faltando 20
minutos para o show, o lugar já estava cheio de gente esperando
pra entrar, nós passamos meia música e abriram as portas da
casa, que por sinal lotou. Em meio a isso, nós cinco tivemos
pouco tempo pra conversar antes de o show começar, mas a
única coisa que conseguimos realmente concordar é que nós não
tínhamos viajado tanto pra desistir de um show, então o fizemos
assim mesmo, e a resposta do público não poderia ter sido
melhor, talvez por perceberem o esforço que tínhamos feito pelo
show, a galera apoiou muito durante o show todo. Sem dúvida,
uma experiência única.



Metal Face - E com relação a Carnal Putrefaction,
como está sendo a divulgação e o retorno do público?
Marcelo Maciel: A promo Carnal Putrefaction mostra
uma banda mais evoluída, isso também se reflete no palco. Nós
estamos muito melhor entrosados do que à algum tempo atrás,
dessa forma, os shows todos estão trazendo resultados ótimos
para a banda. Uhm, muito interessante destacar, é o show que
fizemos em São José dos Campos, São Paulo, em que nós
levamos demos, vendemos muitas, e no final do show havia
muitas pessoas nos cumprimentando e pedindo que
assinássemos as demos. É um tipo de reconhecimento muito
difícil de se conseguir, então para nós foi muito gratificante.



Metal Face - Existe diferença marcante entre os
públicos Gaúcho, Uruguaio e Paulista?
Marcelo Maciel: Existe sim, os uruguaios são
completamente insanos; eles não ficam te olhando durante o
show, ficam se “matando”, e lá pessoas que escutam de Poison a
Gorgoroth andam no mesmo grupo, é um tanto estranho, mas o
público de lá tem uma energia incrível. Os paulistas não chegam
a ser tão diferentes, só que não andam tão “mesclados” quanto
os uruguaios, eles têm uma visão muito boa do underground, e
apóiam mesmo as bandas, sem frescura, sem medo ou vergonha
de dizer quando curtiram alguma coisa, sem contar que o
respeito que eles têm por bandas gaúchas é incrível. Já o nosso
público, eu diria que é o mais difícil de se conquistar,
possivelmente pelo fato de nós termos muitas bandas de
qualidade na região, e também por boa parte do público aqui ser
composta por músicos. Nesse caso eu gostaria de destacar o
último show que fizemos, na cidade de Pelotas, um público que
haviam me passado que era “frio” com as bandas, mas nos
mostrou que fria mesmo só era a noite, tocamos a -3ºC e ainda
assim tinha uma galera no show apoiando a banda, e quando eu
digo apoiando era apoiando mesmo, curtindo o show, não
ficando num canto enquanto a gente tocava. Sem dúvida,
agradar pessoas em uma situação tão adversa (leia-se frio), e
ainda que estão acostumadas a bandas de qualidade, é muito
gratificante.



Metal Face - E agora, quais são os planos?
Marcelo Maciel: Atualmente, estamos estudando
propostas bem interessantes para tocarmos fora do país
novamente, e, para o começo do ano que vem, gravarmos nosso
debut. Com ele gravado, aí sim, pretendemos sair por aí
mostrando o nosso som pra quem tiver interesse, voltando a
lugares aon de fomos tão bem recebidos e passando por lugares
aonde nunca ouviram falar na gente.



Metal Face - Para finalizar, agradeço novamente
pela atenção e pergunto: como faz aquele que quer
conhecer, ouvir ou acompanhar a Sky In Flames?
Marcelo Maciel: Bom, quem tiver interesse, pode
acessar a nossa comunidade no Orkut, porque lá tem links pra
muito sobre a banda, vídeos, mp3, myspace, fotolog, enfim, tem
tudo lá, ou então acessar direto o myspace:
www.myspace.com/skyinflames. Muito obrigado ao Metal Face e
a ti, Janice, pelo apoio


entrevista por:Janice S.

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