quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Comando Nuclear



METAL para ser ouvido no talo e cantando junto! Honrando as
bandas brasileiras dos anos 80, o Comando Nuclear despeja
sobre nós, pobres mortais, um belíssimo metal cantado em
português. Influenciados por bandas como Stress, aos poucos
estes verdadeiros bangers vão ganhando mais espaço e
mostrando a força do metal brasileiro. Nesta entrevista o
baixista Rodrigo Exciter conta todos os detalhes sobre a banda
e as novidades que estão por vir!



Metal Face - Como todos sabem, vocês eram membros
de outras bandas, também com o estilo voltado para o metal
oitentista, mas como foi essa mudança para o metal em
português?


Rodrigo Exciter: Na verdade, não foi necessariamente uma
mudança. Quando começamos à cantar em português, este estilo
estava adormecido e praticamente ninguém apostava nisso. As coisas
soam melhores quando feitas naturalmente, e foi isso que aconteceu
com o Comando. Logo no primeiro ensaio depois de dois ou três anos
sem tocarmos juntos, fizemos a música 'Comando Nuclear' de forma
tão espontânea que não tivemos dúvidas sobre como sairiam as
composições seguintes. Atualmente existe um 'boom' de bandas
cantando em português e vejo isso com bons olhos, desde que seja
feito com honestidade e sinceridade e não apenas pensando em
aproveitar esse bom momento criado por bandas como nós e o
Flageladör, por exemplo.



Metal Face - Estava guardando esta pergunta para
mais tarde, mas hoje em dia, bom na minha opinião, considero
o Comando Nuclear, como uma espécie de ''carro-chefe''
quando falamos de metal oitentista (e acho que não apenas
quando cantado em português, mas podemos considerar
bandas que envolvem toda essa sonoridade), apesar de todo
esse revival de bandas, como Azul Limão, Stress, Anthares... E
do surgimento de novas bandas, como Selvageria, Serial Killer,
sangrenta, bom, tu concorda com isso?


Rodrigo Exciter: É relativo, Wender. O que aconteceu com
o Comando Nuclear foi algo realmente especial, pois tivemos apoio
maciço dos bangers de diversas partes do Brasil e isso contribuiu para
o desenvolvimento dessa explosão de bandas retrô. O fato é que
muitas ótimas bandas já faziam metal old school muito antes de nós,
porém ainda faltava aquela divulgação para atingir a galera, aquela
interação com o pessoal de outras cidades e estados. Nós utilizamos
ferramentas como a Internet para abranger nosso território e interagir
com bangers, zines e revistas especializadas, e creio que isso
contribuiu muito para a exposição do Comando Nuclear nesse sentido.
Particularmente, vejo com bons olhos o surgimento de bandas que
fazem metal old school por aqui, citando tanto essas que você colocou
quanto diversas outras que estão aí na batalha. A maioria das bandas
no Brasil toca thrash metal, o que não é o caso do Comando Nuclear, e
creio que bandas como Violator, Farscape, Blasthrash, Apokalyptic
Raids, Bywar e Kremate, por exemplo, tem tanta ou até mais
responsabilidade quanto nós pelo tempo que estão na ativa, porém
vale ressaltar que nenhuma delas apostava no metal em português
como referência, e foi o que fizemos. Se você analisar bandas como
Selvageria, Guerrilha, Missão Metal, Sangrenta, Vingança Suprema,
Vodkaos, Ultimato, Stone Queen, Conquistadores e Inferno Nuclear,
por exemplo, não vai encontrar muita coisa da sonoridade do
Comando Nuclear neles, porém vai associar à nós pelo fato de
cantarem em português, coisa que estava em descrédito. Acredito que
após termos lançado o disco 'Batalhão Infernal', muitas barreiras
foram quebradas e essas bandas viram que é possível tocar metal em
português novamente, que havia público para isso e que valia a pena
seguir este caminho. Recordo-me que quando começamos, todos nos
chamavam de loucos por cantarmos em português, pois até as bandas
que começaram com isso haviam mudado para inglês, casos do
Harppia, Taurus, Dorsal Atlântica, Overdose, Korzus... Hoje, todos
encaram com naturalidade bandas cantando em português, e nos
sentimos orgulhosos por termos contribuído para isso.



Metal Face - E com certeza os bangers agradecem por
esta contribuição que vocês tem dado ao metal brasileiro, e tu
acha que este ''boom'' na cena, de bandas fazendo sons com a
sonoridade totalmente calçada no metal oitentista, usando
comando nuclear como exemplo, que fazem a sonoridade e tem
um “visu” que nos remete aos anos 80, tu acha que isso
contribuiu para a volta das bandas como azul limão, stress e
entre diversas outras, o que tu acha dessa volta?


Rodrigo Exciter: Aqui no Brasil, é impossível falar que essas
bandas voltaram por dinheiro, pois metal aqui não enche o bolso de
ninguém. Mas é óbvio que essa explosão retrô trouxe de volta bandas
antigas, pois elas viram que atualmente tinham muitas pessoas que
curtiam o trabalho delas, pessoas que ainda estavam nas fraldas
quando elas estavam no auge. Tivemos a oportunidade de dividir o
palco com várias dessas bandas, como o Stress, Vírus, Taurus, Salário
Mínimo e algumas outras, e recentemente conferi o show do Azul
Limão, fora que sempre encontramos os caras do Harppia e do
Centúrias por aqui nos shows, e posso dizer que todos eles estão
tocando realmente porque gostam, porque isso está no sangue.
Conseguiram unir o útil ao agradável: Voltar à tocar e encontrar um
bom público novamente, apesar da precária estrutura da maioria dos
lugares onde tocam. Uma coisa que me deixa realizado é quando
algumas pessoas vêm conversar conosco depois dos shows, dizendo
que não conheciam metal em português antes e depois de ouvir o
Comando Nuclear elas passaram à conhecer bandas como Harppia,
Santuário, Taurus,Stress, Azul Limão e outras... Isso é gratificante,
pois é como se estivéssemos fazendo algo pelas bandas que sempre
nos influenciaram, como se estivéssemos devolvendo à elas o que
sempre nos proporcionaram. É como o Metallica fazendo cover do
Blitzkrieg, guardadas as devidas proporções. Quantas pessoas
passaram à conhecer Blitzkrieg depois que o Metallica gravou o cover?



Metal Face - É, no meu caso eu deveria estar no útero
quando essas bandas deveriam estar no auge, ou no fim de
suas carreiras, mas com certeza, deve ser realmente
gratificante, pois estas bandas, e junto com essa nova
''geração'' mostram que o metal brasileiro não deve nada para
os gringos, um forte exemplo, que eu sempre uso, é a nossa
influência que chegou na Finlândia, citando o exemplo do Força
Macabra que faz um som totalmente influenciado pela cena
brasileira da década de 80, bandas como Lobotomia, taurus,
MX, Anthares, isso realmente me orgulha bastante, se quiseres
comentar mais algo a respeito disso, ou se não voltamos a falar
do Comando Nuclear.


Rodrigo Exciter: Os caras do Força Macabra são muito
gente boa, tive a oportunidade de conhecê-los aqui em SP e eles ainda
pediram para que eu pintasse algumas camisetas de bandas nacionais
para eles, hehehe... É excelente ver como a cena brasileira é rica em
influências, com certeza é uma das maiores do mundo!



Metal Face - Continuando ainda, o debut, batalhão
infernal, foi muito bem recebido pelo publico, e pela mídia, no
meu ponto de vista, eu curti bastante o cd, é uma sonoridade
simples e direta, algo que todo bom heavy metal deveria ser, e
que pelo visto nos anos 90, começou a se perder, mas a arte da
capa, a parte gráfica do cd foi muito bem trabalhada, quais
cuidados vocês tomaram? E o que passou na cabeça de vocês
antes do lançamento do álbum?


Rodrigo Exciter: Sinceramente, o que passou pela nossa
cabeça foi: 'FUDEU!' Ficamos felizes demais com o resultado do disco,
ainda mais porque tudo foi feito por nós... Desde a composição,
gravação, produção, arte gráfica e layout do encarte... Foi a realização
de um sonho, transpassamos uma barreira enorme e as críticas foram
positivas, o que nos encheu de força pra cair na estrada divulgando o
álbum. O disco em si é simples, direto e sem frescuras, e é
exatamente isso que queríamos desde o princípio, algo que soasse
como a banda funciona ao vivo. Havia muito tempo que nenhuma
banda brasileira de metal lançava um disco em português, então o
material deu um certo 'choque' na mídia especializada e nos bangers,
que provavelmente não esperavam um full lenght vindo de uma banda
que canta em nosso idioma. Claro que, por ser um primeiro álbum,
cometemos alguns erros e temos muitas coisas à aprimorar, porém eu
costumo olhar um disco como um retrato do momento, entende? O
'Batalhão Infernal' é a fotografia do Comando Nuclear em 2005,
quando foi gravado, e nosso próximo álbum que já está sendo gravado
é a fotografia do Comando Nuclear em 2007 (Que não é muito
diferente, hehehe), e
conseqüentemente iremos tentar
aprimorar ainda mais o que
começamos naquele disco. Sempre
mantendo a tradição do Comando
Nuclear: Músicas simples, diretas,
com aquela pegada old school e
que abordam temas que curtimos e
achamos importantes, sempre em
português!



Metal Face - Sim,
falando do disco novo, vai ser
produzido pelo Leon Mansur, o
que os fãs podem esperar deste
novo disco? Já tem nome?


Rodrigo Exciter: As
músicas do novo disco já estão
100% prontas, e devemos entrar
em estúdio no mês de setembro
para gravar. Toda a produção
ficará à cargo do Leon Mansur
(Apokalyptic Raids), um grande
brother que conhece muito nossa sonoridade e que tem feito ótimos
trabalhos com as bandas da Unsilent Records. Musicalmentente posso
dizer que o disco segue a mesma linha do 'Batalhão Infernal',
continuamos fazendo nosso heavy metal 'véio', que é o que gostamos,
hehehe... Temos algumas músicas mais tradicionais e outras mais
secas e rápidas. Acho que nesse novo trabalho as músicas cadenciadas
estão ainda mais tradicionais e as músicas rápidas estão realmente
mais velozes! É um amadurecimento fiel à proposta inicial, não
pretendemos nos distanciar nem um milímetro daquela sonoridade do
primeiro álbum, apenas pretendemos fazer o bom e velho metal com
ainda mais qualidade. Não queremos reinventar o metal, não temos
essa pretensão. Tudo que queremos é tocar muito alto e manter a
identidade do Comando Nuclear! Quanto ao nome do disco... Por
enquanto ainda é segredo de estado, hehehe... Mas posso dizer que
tocamos algumas das novas músicas em diversos shows e a
receptividade da galera têm sido excelentes, todos tem curtido muito
esses sons novos porque na verdade eles seguem exatamente a linha
que criamos no 'Batalhão Infernal'!



Metal Face - E vocês já estão planejando a tour pra
divulgação do segundo disco? E quais lugares que vocês não
tocaram ainda, e tem vontade colocar na tour?


Rodrigo Exciter: A coisa mais difícil para o Comando
Nuclear é, sem dúvidas, fazer uma tour. Todos nós da banda
possuímos empregos aqui em São Paulo, então é completamente
impossível ficarmos por dias seguidos viajando fora de SP. Na tour do
Batalhão Infernal tivemos a oportunidade de passar pelo Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Paraná e praticamente todo o interior de São
Paulo, e agora no final da tour fomos novamente para o Paraná,
iremos para a Bahia e depois Rio de Janeiro novamente, e
finalizaremos em dezembro no interior de São Paulo. Infelizmente não
podemos nos ausentar muito tempo de onde moramos, à não ser nos
feriados, e temos aproveitado isso para visitar cada vez mais cidades e
conhecer muitos bangers por aí! Para o segundo disco gostaríamos de
passar novamente pela maioria dos lugares onde já passamos com o
'Batalhão Infernal' e, claro, conhecer novas cidades. Particularmente,
eu tenho muita vontade de tocar por todo o nordeste, Belém do Pará,
Rio Grande do Sul, Belo Horizonte, Brasília e Goiás, pois são os lugares
onde temos recebido mais apoio da galera!



Metal Face - E como é do conhecimento de todos o
Filippe, guitarrista da banda, também integra outra banda a
OPERA NIGHTMARE (Tristania Cover), mais algum membro da
banda, está envolvido ou futuramente pretende montar alguma
outra banda ou projeto paralelo?


Rodrigo Exciter: O Opera Nightmare está parado há algum
tempo, pelo que sei... Atualmente todos se dedicam prioritariamente
ao Comando Nuclear, porém existem outros projetos em andamento.
Eu, particularmente, estou com dois: O Electroshock, que é uma
mistura louca de Discharge, Motörhead e NWOBHM, e o Speedway,
que é mais speed metal. Porém ambos os projetos estão parados já
que o Comando Nuclear toma boa parte do meu tempo, e isso dificulta
as coisas, mas tenho planos de dar seqüência nessas bandas e até
mesmo gravar algo futuramente. O Ron e o Erick não possuem outros
projetos paralelos no momento, mas também possuem planos para
criar algo mais particular assim que puderem, hehehe.



Metal Face - E quais são os
futuros planos para o Comando
Nuclear?


Rodrigo Exciter: Tocar, tocar
e tocar! Estamos trabalhando em
estúdio no novo disco, e estamos muito
satisfeitos com os resultados das novas
músicas. Temos alguns shows bacanas
marcados até o final do ano e vamos
dar prosseguimento na agenda, porém
paralelamente estamos nos dedicando
às gravações do novo trabalho. O que
realmente desejamos é continuar
tocando nesse ritmo que estamos
agora, fazendo shows em diversas
cidades e conhecendo cada vez mais
bangers ao redor do Brasil, pois foi para
isso que montamos a banda. Não temos
pretensões de sair do país por
enquanto, apesar de termos recebido
alguns convites da América do Sul, pois
nosso foco sempre foi tocar por aqui,
beber com a galera e se divertir. E isso temos feito com muita
eficiência, hehehe... Basicamente, estamos ansiosos com o
lançamento do novo disco para mostrar à todos o poder de fogo
dessas músicas, pois estão realmente matadoras!



Metal Face - Bom encerrando, gostaria de em nome do
Metal Face agradecer a entrevista, a paciência que teve comigo,
pois essa é minha primeira entrevista e desejar sucesso para
os integrantes e ao Comando Nuclear, se quiserdes deixar um
recado aos bangers, e considerações finais, tá ai. E espero ver
vocês em breve nas terras gaúchas. Valeu Rodrigo!


Rodrigo Exciter: Muito obrigado pela oportunidade,
Wender! E para nós é uma honra ser a primeira banda entrevistada
por você, hehehe... Mandou muito bem, tem futuro! Hehehe... Já
mantemos contato há bastante tempo, e quero agradecer a você e ao
Maicon pela força e o apoio que sempre nos deram! Agradeço também
à todos os bangers que nos ajudam na estrada, nos emprestam
equipamentos, cerveja, grana, mulheres (ops..) e tudo mais... E pode
ter certeza, queremos muito cair em terras gaúchas e tomar muita
cerveja por aí! Espero que com o lançamento do segundo álbum, as
coisas fiquem mais fáceis nesse sentido! Mais uma vez, forte abraço!



entrevista por:Wender

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